Evelyn acordou antes mesmo da luz da manhã invadir o quarto. Seus olhos se abriram devagar, adaptando-se ao brilho suave que começava a romper pelas frestas das cortinas. O peito ainda pesava, como se o passado, mesmo depois de tantas confissões, ainda se recusasse a deixá-la por completo. Ao seu lado, Lucas dormia profundamente, uma das mãos entrelaçada na dela como se, mesmo inconsciente, ele se agarrasse à certeza de que ela estava ali.
Ela o observou em silêncio por alguns minutos, reparando nas linhas ao redor dos olhos dele, nas marcas de uma dor antiga e nas cicatrizes que o tempo não conseguia apagar. Lucas era bonito de um jeito imperfeito, real. Um homem que amou em silêncio por tempo demais, que se escondeu atrás de paredes para proteger os outros — e talvez também a si mesmo.
Deslizou devagar para fora da cama, tentando não acordá-lo. Precisava de alguns minutos sozinha. Encontrou sua mala encostada na parede do quarto de hóspedes, que agora parecia tão distante de tudo o