Horas depois, voltamos ao apartamento, e Matheus desabou.
Tirou o paletó, largou os sapatos pelo quarto e se jogou na poltrona com as mãos no rosto. Ele tremia. Não de frio — mas de exaustão emocional.
— Eu tô tentando manter tudo sob controle — ele disse, a voz abafada. — Mas tem horas que parece que tudo vai desmoronar. Que vou desmoronar.
Me aproximei devagar, ajoelhando à frente dele.
— Você não precisa manter tudo sozinho, Matheus.
— Você não entende, eu preciso, preciso provar pro meu pai que não sou defeituoso, que posso fazer isso sozinho.
Ele me olhou, e havia algo quebrado ali. Uma rachadura aberta demais pra fingir que não existia.
— Eu tô com medo de piorar, Julia. Medo de entrar num episódio de verdade. Isso… isso tudo tá me levando pro limite.
Toquei o rosto dele com as duas mãos.
— Então vamos buscar ajuda. Você já faz o tratamento, você reconhece os sinais. Isso é força, não fraqueza.
Ele assentiu devagar, os olhos cheios. Ficamos em silêncio, comigo acariciando seus