O calor do café ainda fumegava na minha xícara, mas eu mal conseguia sentir o gosto. Meus olhos estavam presos na tela do notebook diante de mim, onde um e-mail recém-aberto expunha o início de algo que já sabíamos que viria: o jurídico da empresa oficializou a abertura de um comitê de investigação interna.
Henrique tinha sido afastado, sim — mas ele não cairia sozinho. E os outros diretores financeiros com quem ele articulou o desvio de verba estavam tentando jogar a culpa em alguém. Em mim, principalmente.
A alegação era absurda, frágil, mas ainda assim suficiente para manchar meu nome.
— Isso é ridículo — falei em voz alta, os dedos tremendo levemente sobre o teclado.
Matheus, sentado ao meu lado, estendeu a mão para segurar a minha. O toque dele foi firme, quente.
— Eu sei. E a gente vai provar isso.
Ele falava com convicção, mas havia tensão em cada músculo do corpo. Desde a ligação do diretor financeiro na noite anterior, Matheus não conseguia relaxar. Estava mais calado, os olh