Aurora segurava firme meu dedo com os dedinhos gordinhos enquanto Matheus tentava ajeitar o laço minúsculo no cabelo dela. Ela já tinha quase seis meses, e cada vez que me olhava com aqueles olhos curiosos, parecia impossível lembrar da vida antes dela.
Mas naquele dia, não era só ela que me dava frio na barriga.
Eu observava meu reflexo no espelho pela terceira vez. O vestido azul claro me caía bem, e o batom discreto realçava os olhos — mas meu coração ainda batia como se eu fosse fugir de um palco. Era o lançamento do meu livro.
Meu livro. Era real. Eu tinha recebido as primeiras cópias há alguns dias, e chorei segurando a capa pela primeira vez. A sensação de ver o meu nome ali, como autora, era algo que ainda parecia maior do que eu podia explicar. Agora, as pessoas iriam me ver. Me ouvir. Ler as minhas palavras.
E isso era lindo… e assustador.
— Você está maravilhosa — Matheus disse, chegando por trás de mim e me abraçando, com Aurora no colo. — Mas se quiser fugir agora, promet