A dor vinha em ondas.
Não era só física — era ancestral. Como se meu corpo inteiro soubesse, mesmo antes de mim, que algo estava prestes a nascer e morrer ao mesmo tempo. Algo estava prestes a se transformar.
A bolsa tinha estourado poucas horas antes, no mesmo instante em que eu mostrei a Matheus as últimas páginas do meu livro. Ele ainda segurava o manuscrito quando eu gritei, surpresa e trêmula, com a água escorrendo por entre as pernas.
— Amor… — foi tudo o que consegui dizer. E ele já estava lá, como sempre. Rápido, presente, desesperado e doce.
Agora, deitada na maca, com os lençóis grudando na pele suada e as contrações rasgando meu ventre em intervalos cada vez menores, eu só conseguia pensar: vai acabar logo? Vai doer mais? E se eu não conseguir?
Mas toda vez que eu pensava em desistir, sentia os dedos de Matheus entrelaçados aos meus. Firmes. Quentes. Uma âncora.
— Respira comigo, amor. Um de cada vez. Isso. Eu tô aqui. Só foca em mim.
Tentei me concentrar na voz dele, no ca