Capítulo Cinquenta

Não fazia ideia de como meu coração ainda conseguia bater com tudo o que estava acontecendo. Talvez fosse o instinto. Talvez fosse só amor, em sua forma mais crua.

A consulta estava marcada para às 9h. Passei a noite acordando de tempos em tempos, tocando a barriga ainda discreta, como se pudesse sentir alguma resposta, algum sinal de que o bebê estava bem. Era cedo, eu sabia. Mas cada enjoo, cada tontura, cada silêncio me deixava num limbo entre esperança e medo.

Matheus foi o primeiro a acordar. Ele me chamou baixinho, de leve, com um beijo no ombro e os olhos ainda sonolentos, mas mais calmos do que nos últimos dias. Desde a visita do seu pai, era como se algo tivesse se rearranjado dentro dele — não sem dor, mas com clareza.

No carro, segurou minha mão o caminho todo. De vez em quando, olhava para mim com um sorriso meio bobo, meio nervoso.

— Acho que tô mais nervoso que você — ele confessou, apertando minha mão. — Tem algo... diferente hoje.

— É porque a gente vai ver o bebê. — T
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