Já fazia dias desde que vimos nosso bebê pela primeira vez. Ainda era uma lembrança que vivia na minha cabeça — às vezes me acalmava, outras me fazia sentir medo, como se eu fosse pequena demais para carregar tanta coisa dentro de mim. Mas Matheus… ele estava mudando. Lentamente, sim, mas de forma real.
Estava saindo do seu estado deprimido e voltando ao que era antes.
Acordei com o som da cafeteira. O cheiro invadiu o apartamento como um afago. Quando saí do quarto, ainda vestida com sua camiseta larga, encontrei Matheus na mesa, com o cabelo bagunçado, cercado de papéis, cadernos e uma xícara de café pela metade.
— Bom dia, dorminhoca. — Ele sorriu, me olhando como se eu fosse o melhor detalhe daquela manhã.
— Bom dia… — murmurei, me aproximando. — O que você tá fazendo?
Ele estendeu a mão e me puxou para o colo dele.
— Planejando o resto da minha vida — respondeu, com aquele brilho nos olhos que vinha surgindo mais e mais. — Tô conversando com uma ONG que presta consultoria a empre