Eu não sabia se era o gosto metálico na boca ou o peso estranho na barriga, mas assim que fechei a porta atrás do pai de Matheus, tive vontade de vomitar.
As palavras dele ainda vibravam no ar como um veneno que não se dissolve.
“Escândalos, crises emocionais, um filho fora do casamento...”
“Instável.”
“Inútil.”
Ele não precisava dizer em voz alta que achava que eu não era boa o bastante parta cuidar do seu filho. O olhar dele carregava séculos de julgamento.
Matheus ainda estava parado na sala, a caneta pendurada entre os dedos, como se não tivesse percebido que já tinha largado a armadura. O peito dele subia e descia, não com raiva, mas com uma espécie de cansaço que ia além do físico. Como se tivesse acabado de lutar contra o próprio passado — e perdido só um pouco menos do que venceu.
— Você quer deitar? — perguntei, minha voz mais baixa do que eu imaginava.
— Não consigo. Não agora.
Assenti e fui até a cozinha. Preparei chá mesmo sem saber se ele ia querer. Eu só precisava fa