Ser uma herdeira tinha seus preços.
Mas também tinha suas vantagens.
Valentina sabia abrir portas com um sorriso treinado. Sabia como circular entre os figurões e os fantasmas das elites. Desde muito jovem aprendeu a identificar quem era útil e quem era descartável. E em uma dessas festas cheias de champanhe francês e cocaína disfarçada em banheiros de mármore, ela conheceu Breno.
Ou melhor — Nemesis, como ele preferia ser chamado online.
Na época, ele tinha invadido o sistema de som da mansão para tocar heavy metal no meio de um discurso político. Ela riu, ele gostou, e a amizade nasceu do caos.
Nunca se esqueceram.
E hoje ela precisava dele.
***
O bar ficava no subsolo de um prédio comercial, escondido atrás de uma lavanderia de fachada. Valentina entrou com um vestido justo, salto alto e casaco de couro, como quem sabe exatamente o que quer.
Heitor, claro, tentou impedi-la de sair sozinha.
Ela, como sempre, ignorou.
Mas não disse para onde ia. E isso era parte do jogo.
Sentou-se