O café estava quase vazio quando ela chegou. Laura já a esperava em uma mesa próxima à janela, impecável como sempre, mexendo distraída na xícara. Assim que a viu, abriu um sorriso caloroso, como se não houvesse um histórico de atritos entre elas.
— Que bom que veio — disse Laura, com aquele tom doce que sempre soava ensaiado.
Cecília se sentou em silêncio, tentando manter a compostura.
— Você disse que queria falar algo sério.
Laura respirou fundo, encenando vulnerabilidade.
— Eu decidi sair de casa.
As palavras caíram como pedra sobre Cecília. Ela piscou algumas vezes, tentando digerir.
— Como assim? Você brigou com o Gustavo?
— Não é bem isso… — Laura suspirou, olhando para o café como se buscasse coragem. — Eu só não aguento mais a pressão, entende? Mas eu não quero voltar para a casa da mamãe. Seria… mais sufocante ainda.
Cecília a encarou, séria.
— E o que exatamente você espera de mim nessa história?
Laura inclinou-se sobre a mesa, baixando o tom de voz.
— Eu pensei que você po