Mundo de ficçãoIniciar sessãoAnya cresceu acreditando que conhecia o próprio destino - até descobrir que o destino tinha outros planos para ela. Planos selados antes mesmo de seu nascimento. Planos que envolvem dois irmãos... e um reino inteiro. Arrastada para um casamento que nunca escolheu, Anya se vê presa entre dever e desejo, tradição e liberdade, passado e futuro - enquanto tenta sobreviver à corte, às intrigas e aos sentimentos que jurou nunca permitir. Mas quanto mais tenta escapar, mais o destino a empurra para o centro de uma história escrita muito antes dela. Uma história de amor, poder... e segredos que ninguém ousa dizer em voz alta. Entre um príncipe marcado pela guerra e outro marcado pelo passado, entre o que o coração pede e o que a lei exige, Anya precisará descobrir quem ela realmente é - e o que está disposta a enfrentar por isso. Porque, na luta contra o Norte, nada é simples. E nenhum coração sai ileso das mãos das leis que regem os reinos que se mantiveram de pé. ⚠️ AVISO DE CONTEÚDO SENSÍVEL Este livro aborda temas sensíveis, incluindo tentativa de suicídio, além de sofrimento emocional intenso, luto e conflitos psicológicos decorrentes de situações extremas. Esses temas fazem parte da narrativa e são tratados com seriedade, dentro do contexto da história, sem qualquer intenção de romantização ou incentivo. A autora não compactua com esse tipo de atitude e reforça que a vida tem valor, mesmo em momentos de dor profunda. Se você estiver passando por um período difícil ou se sentir emocionalmente abalado(a), considere buscar ajuda profissional ou conversar com alguém de confiança. No Brasil, o Centro de Valorização da Vida (CVV) oferece apoio gratuito e sigiloso, 24 horas por dia, pelo telefone 188 ou pelo site www.cvv.org.br. Cuide de si. Sua vida importa.
Ler maisORION DOMINUS.A admiração contida é perigosa, porque seduz o perdão.Durante todo o baile elaborado, faço exatamente o que sempre fiz naturalmente: observo atentamente. Ordem social, posicionamento estratégico, intenções ocultas. Quem fala confidencialmente com quem, quem deliberadamente evita quem, quem parece interessado demais em assuntos específicos, quem bebe além da conta e perde a compostura. É segunda natureza para mim — anos de guerra ensinaram-me a ler pessoas, antecipar movimentos, identificar ameaças antes que se materializem.Mas hoje algo distrai constantemente minha atenção, treinada mais do que qualquer outra coisa no salão inteiro. Ela. Anya.Anya move-se pelo espaço com elegância discreta e natural, acompanhada da rainha. Não fala excessivamente, não ri alto demais chamando atenção desnecessária, não se exibe de forma vulgar. Simplesmente ouve atentamente, cumpre seu papel diplomático com perfeição, mantém a postura impecável de princesa como se tivesse nasc
ORION DOMINUS — Algumas horas antes…O toque suave ameaça feridas recentes.O problema não é simplesmente que ela está linda esta noite. O verdadeiro problema é que percebo isso com uma intensidade perturbadora. E não consigo de forma alguma ignorar essa percepção.Desde o momento exato em que a vi parada majestosamente no topo da escada, com aquele vestido azul-acinzentado abraçando perfeitamente as curvas do corpo, o cabelo delicadamente preso com grampos de pérolas que capturam a luz, os olhos âmbar ainda inconfundivelmente marcados por uma tristeza profunda que eu mesmo causei com minhas próprias mãos… alguma coisa fundamental dentro de mim deslocou-se irrevogavelmente.Não é apenas desejo o que sinto desde que a vi. Se fosse somente isso, seria infinitamente mais simples de lidar. Eu sei perfeitamente como lidar com desejo carnal. Passei anos dominando impulsos, controlando reações, mantendo distância emocional. Mas isso que sinto agora é categoricamente outra coisa.
ANYA DEVEREUX.A humanidade assusta mais que a violência.Observo-o discretamente enquanto interage. Ele não é apenas um guerreiro brutal, como muitos assumem. Ele genuinamente sabe negociar com habilidade. Sabe falar de forma persuasiva. Sabe ouvir atentamente. As pessoas ao redor o respeitam profundamente. Algumas claramente o temem por causa da reputação. Outras o admiram abertamente. E, pela primeira vez desde que fui dada a ele, vejo Orion através dos olhos de outros reinos vizinhos. Vejo objetivamente o homem que eles enxergam quando olham para ele. Não, o homem que queimou minha cabana sem piedade. Não o que me feriu deliberadamente com palavras e ações. Não o que carregava apenas ódio frio no olhar. Vejo o futuro rei de Aldirin. O líder que os povos seguiriam. O comandante a quem soldados confiariam suas vidas. E isso me confunde profundamente, desestabiliza minhas certezas.— Vocês dois formam um casal verdadeiramente lindo — diz efusivamente u
ANYA DEVEREUX.A tensão deles não é visível; é sentida. Profunda. Involuntária.Quando ele ergue o rosto másculo para me ver começando a descer, algo profundo dentro de mim hesita perigosamente. Os olhos dele, sempre tão frios e endurecidos pelas guerras, pela raiva acumulada, pelo rancor não resolvido, suavizam visivelmente por um breve segundo revelador. Não o suficiente para que qualquer outra pessoa presente percebesse a mudança sutil. Mas eu percebo claramente. Porque passei tempo demais estudando cada nuance daquele rosto, tentando prever humores, tentando me proteger. Porque, por mais que eu não quisesse sentir absolutamente nada em relação a Orion, a verdade inconveniente é que sinto algo. Não sei nomear exatamente o quê — não é amor, definitivamente não depois de tudo. Mas é algo. Algo complicado e confuso que eu preferiria que não existisse.Os olhos dele percorrem lentamente meu corpo, de cima a baixo — não com vulgaridade desrespeitosa, não como provocação calc
ANYA DEVEREUX — Um tempo depois…A realeza exige máscara, não cura.Passei a manhã inteira tentando convencer a mim mesma de que esta noite não significa absolutamente nada. É apenas mais um baile protocolar. Apenas política disfarçada de celebração. Apenas mais uma encenação elaborada para que todos os presentes acreditem firmemente que estou feliz ao lado do homem que me impuseram e que aceitei sem questionar… mas que, na verdade cruel, foi imposto a mim por circunstâncias que nunca controlei. Tem sido assim desde que acordei naquela manhã. Desde que abri os olhos pesadamente e vi o teto do quarto, sentindo uma dor aguda pulsar nos pulsos enfaixados, percebendo com choque entorpecido que ainda estava viva quando tinha certeza absoluta de que não estaria. Lembro-me vagamente de fragmentos daquela noite terrível — a água fria tingindo-se de vermelho, a sensação de paz estranha me envolvendo enquanto a vida escorria, e então a voz dele gritando meu nome com um desespero que
ORION DOMINUS.O perdão não foi dado — apenas adiado.Nunca mais quero sentir o terror paralisante de segurá-la desacordada, incerta se ainda respirava. Nunca mais quero gritar desesperadamente por médicos enquanto seu sangue escorria entre meus dedos impotentes. — Você está tremendo — observo baixo, notando como seus ombros estremecem levemente. Ela não responde, apenas continua encarando a água como se ali encontrasse algum tipo de hipnose protetora. Sem pensar nas consequências, tiro meu manto pesado e o coloco cuidadosamente sobre os ombros dela. O tecido a engole completamente — ela parece ainda menor sob o peso. Ela se encolhe ligeiramente ao toque do tecido, mas não o remove. — Obrigada — sussurra finalmente, a voz rouca e baixa. É a primeira vez em dias que ela me agradece por qualquer coisa. Algo no meu peito se aperta e se aquece simultaneamente. — O médico disse que você pode começar a fazer caminhadas curtas — comento, tentando soar casual. — Disse que o





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