A manhã seguinte trouxe uma claridade suave, filtrada pelas cortinas finas, que desenhava padrões dourados no chão do quarto.
Cecília ficou alguns minutos deitada, ouvindo o som ritmado da respiração de Enrico ao seu lado. Não era preguiça; era como se o tempo tivesse parado por alguns instantes, permitindo-lhe apenas existir ali, em silêncio, sem cobranças, sem urgências.
Ela observava o rosto dele, a pele iluminada pelo sol da manhã, e por um instante quase acreditou que todas as discussões e mágoas recentes pudessem desaparecer.
Ele abriu os olhos devagar, ainda imerso no sono. Quando encontrou o olhar dela, um sorriso pequeno, tímido e cheio de ternura surgiu.
— Bom dia, meu amor.
Cecília devolveu o sorriso, mas com cautela, como se testasse a força da confiança que ainda vacilava dentro dela. Ele se ergueu lentamente, apoiando-se no cotovelo, e tocou de leve o rosto dela, como quem pergunta silenciosamente se aquele toque era permitido. Ela não recuou.
— Hoje é seu dia de folga,