O dia seguinte amanheceu com a mesma calma rara da véspera. Cecília acordou antes de Enrico e ficou alguns instantes observando-o dormir, o braço pesado repousado sobre a cintura dela. Era reconfortante sentir aquele calor, como se o mundo, por algumas horas, tivesse esquecido de cobrar dela alguma decisão.
Quando ele abriu os olhos, a puxou para mais perto.
— Bom dia, amor. — A voz dele saiu rouca, carregada de sono.
— Bom dia… — Cecília sorriu, deixando-se ficar mais um pouco.
Tomaram café juntos, trocaram provocações leves na cozinha, e até o silêncio parecia confortável. Quando Enrico se despediu para ir pra uma reunião, Cecília ficou com a sensação doce de que, enfim, as coisas começavam a se ajeitar.
À tarde, ela se arrumou para ir ao bar. Prendeu o cabelo em um coque simples, passou batom claro e vestiu a camiseta preta do uniforme. Antes de sair, pegou o livro que Enrico havia lhe dado no dia anterior e colocou na bolsa. Gostava da ideia de tê-lo por perto — o livro, e o gesto