O aroma de café fresco preenchia o Café Murano, misturando-se ao tilintar das xícaras e ao murmúrio tranquilo dos clientes. Cecília se movia entre as mesas com graça e eficiência, servindo pedidos com um sorriso que escondia o cansaço da rotina. Cada gesto seu mostrava a segurança conquistada nas últimas semanas, e alguns clientes já a cumprimentavam pelo nome, encantados com sua atenção.
O que antes parecera intimidador — as máquinas barulhentas, o cardápio extenso, o olhar desconfiado dos colegas — agora era parte de uma rotina que ela dominava com naturalidade. Já sabia o pedido do senhor Angelo, reconhecia o riso das estudantes e até se divertia com as perguntas insistentes de turistas curiosos. O balcão, antes estranho, tornara-se o lugar em que se sentia mais à vontade.
Claro, havia dias exaustivos, em que seus pés latejavam e os braços doíam. Mas, mesmo nesses momentos, Cecília percebia que havia conquistado algo só dela. Ali não era a filha ou a irmã de alguém. Era Cecília, a