O restante da tarde passou como um sopro. Cecília voltou para casa para se arrumar, ainda com a sensação de que o mundo havia, enfim, aberto uma porta para ela. Diante do espelho, penteava os cabelos com mais cuidado do que o habitual, como se cada fio fosse parte da celebração. Vestiu um vestido azul simples, mas elegante, e borrifou um perfume suave que guardava para ocasiões especiais.
Quando o carro de Enrico estacionou em frente ao prédio dela, o coração acelerou como se fosse um primeiro encontro. Ele desceu do veículo para abrir a porta, gesto que a surpreendeu.
— Boa noite, senhorita Murano — brincou, inclinando-se levemente, como se a recebesse em um baile.
— Senhorita Murano? — ela arqueou a sobrancelha, divertida. — Você já está misturando as coisas.
— É que o café já é uma extensão sua. Não consegui resistir.
Cecília riu, entrando no carro. O silêncio que seguiu não era pesado, mas cheio de expectativa. As mãos de Enrico se firmavam no volante com um controle estudado, com