O shopping estava lotado, mas Cecília mal notava o vai e vem constante das pessoas. As vozes se misturavam num zumbido abafado, as luzes pareciam mais fortes do que o necessário, e o ar condicionado não dava conta da tensão que pesava em seu peito. A cada passo pelos corredores largos, a ansiedade martelava com força: ainda dava tempo de desistir. Bastava voltar para casa, vestir sua velha calça jeans e fingir que nunca cogitou encarar o passado de frente.
Mas Júlia estava animada como se fosse ela a convidada de honra — ou a própria noiva. Puxava Cecília pela mão com determinação, entrando em cada loja com brilho nos olhos.
— Olha esse aqui! — disse, sacando um vestido vinho de tecido fluido. — É a sua cara. Sexy e elegante.
— E custa metade do meu aluguel. — Cecília rebateu, franzindo a testa enquanto olhava com saudade para o canto das promoções.
— Você tem um cartão do homem rico mais gostoso que eu já vi na vida. Usa! — Júlia piscou, maliciosa.
— Eu não quero parecer que tô me ap