Enrico não apareceu mais no bar.
Nos dois primeiros dias, Cecília tentou se convencer de que não notara. Estava ocupada, envolvida demais nos pedidos, nas mesas, nas tentativas frustradas de não pensar demais. Mas era mentira, o lugar parecia mais vazio sem ele.
Aquele canto do balcão que ele costumava ocupar com sua expressão séria e os comentários ácidos estava vago demais. E isso incomodava. Um incômodo sutil, mas insistente, que se agarrava ao fundo do peito. Era como se o silêncio deixado por ele tivesse um peso, um silêncio que dizia mais do que qualquer palavra.
No terceiro dia, ela se pegou olhando o relógio, não sabia por quê. Ou sabia, mas não queria admitir. Cada minuto parecia mais longo quando ele não estava ali. E cada vez que a porta do bar se abria, um ínfimo pedaço de esperança se acendia — e se apagava logo em seguida.
"É melhor assim", disse a si mesma enquanto secava um copo pela terceira vez. "Ele precisa entender que eu tenho limites."
Mas no fundo, não era só so