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A filha da Alfa
A filha da Alfa
Por: Cris Almeida
🐺✨ Prólogo — A Filha da Alfa

Dizem que a floresta de Eldren tem seus próprios deuses. Que as árvores antigas, mais velhas que qualquer alfa, sussurram segredos àqueles que sabem ouvir. Que os galhos se curvam ao vento não para dançar, mas para vigiar. E que, sob o brilho pálido da lua cheia, criaturas esquecidas pela história caminham entre as sombras — vagantes silenciosos de um tempo em que os homens temiam o que não podiam dominar.

Ali, entre raízes ancestrais e trilhas escondidas pelos séculos, Aric existia.

Para muitos, ele era só uma lenda. Um conto de terror sussurrado ao pé da fogueira para assustar filhotes e adverti-los sobre os perigos de desafiar as leis da matilha. Um nome proibido, banido até mesmo dos registros dos anciãos. Mas ele era real. Tão real quanto o sangue que ainda manchava suas garras e as cicatrizes que o vento não conseguira apagar.

Preso entre dois mundos, Aric não era homem, nem fera. Era ambos. E nenhum.

Condenado a vagar pela eternidade, amaldiçoado pela própria matilha que jurara proteger, ele caminhava entre os vivos e os mortos, entre a besta que não podia conter e o humano que um dia fora. Por séculos, ele evitou as aldeias, fugiu das caçadas e dos olhos famintos dos alfas sedentos de sangue. Manteve-se nas sombras, tornando-se parte da floresta, confundindo-se com o próprio Eldren.

Mas naquela noite… tudo mudou.

O cheiro veio primeiro. Um perfume doce, selvagem e antigo, como terra molhada após a tempestade, misturado ao frescor de lírios noturnos que só floresciam sob a lua cheia. Era um aroma que não deveria existir, uma mistura que não pertencia a nenhuma loba da região.

Por instinto, ele seguiu.

Cada passo o levava para mais perto daquele chamado silencioso. As folhas sussurravam em sua passagem, os galhos se inclinavam, e até as criaturas noturnas pareciam cessar seus cantos ao sentir sua presença. Mas Aric não hesitou. Havia algo naquele cheiro que gritava mais alto que qualquer prudência, mais forte que séculos de cautela.

E então ele a viu.

Sob a luz prateada da lua, ela estava ali, os cabelos escuros caindo como um manto sobre os ombros, os olhos tempestuosos como a tormenta antes do caos. A pele reluzente como marfim à meia-noite. Ela era jovem, mas o sangue ancestral corria evidente por suas veias, como uma marca invisível que apenas os antigos podiam perceber.

Naquele instante, o mundo pareceu cessar.

O tempo, que para Aric era apenas um ciclo interminável de solidão e maldição, parou de pesar. E pela primeira vez em séculos, ele sentiu. Não só desejo ou sede de sangue… mas um chamado. Um eco de algo perdido, quebrado dentro dele.

Ela mudaria tudo.

Ele não sabia quem era, de onde vinha ou o que carregava nas veias. Mas o vínculo fora forjado ali, sob o olhar da lua e as bênçãos silenciosas das árvores de Eldren.

E Aric soube, com a certeza que só as antigas feras conhecem.

O destino havia escolhido. E não havia força na terra ou nos céus capaz de impedir o que viria.

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