Inicio / Lobisomem / A filha da Alfa / đŸș✹ CapĂ­tulo 1 — A prometida
đŸș✹ CapĂ­tulo 1 — A prometida

O crepĂșsculo tingia o cĂ©u de tons avermelhados enquanto a aldeia da Lua Vermelha se preparava para a cerimĂŽnia. O som abafado de tambores e risos preenchia o ar, misturado ao aroma de ervas queimadas e madeira estalando nas fogueiras. No centro da aldeia, as tendas estavam adornadas com peles e sĂ­mbolos ancestrais, relĂ­quias de geraçÔes que mantinham viva a força e a unidade da matilha.

Lysandra caminhava entre as sombras, seus passos leves quase sem som sobre a terra coberta de folhas secas. A capa vermelha que usava se agitava com a brisa morna, contrastando com a penumbra crescente. As vozes familiares, os olhares de orgulho e expectativa, tudo parecia distante, como se ela estivesse atravessando um mundo paralelo. A garota sentia um peso invisível pressionar seu peito — a responsabilidade, o destino, o nome que carregava.

— Lysandra, minha filha — a voz firme e autoritĂĄria de Helena soou atrĂĄs dela, fazendo-a parar. — Hoje vocĂȘ serĂĄ prometida a Viktor. É hora de cumprir seu dever.

Lysandra se virou lentamente, encontrando os olhos da mĂŁe, tĂŁo penetrantes e frios quanto o aço. Helena, a alfa da matilha, carregava o peso de geraçÔes, um poder que se manifestava em cada gesto e palavra. Ela nĂŁo tolerava desobediĂȘncia.

— Eu sei, mãe — respondeu Lysandra, a voz baixa, quase um sussurro. — Mas não sei se estou pronta para ser o que esperam de mim.

Helena deu um passo Ă  frente, o olhar implacĂĄvel.

— NĂŁo se trata do que vocĂȘ quer. É o que devemos fazer para garantir a paz entre as matilhas. Viktor nĂŁo Ă© apenas um homem — ele Ă© o futuro da nossa aliança. VocĂȘ deve aprender a honrar isso.

Lysandra abaixou o olhar, a garganta apertada. Ela odiava Viktor. Desde que o conhecera, sentira uma presença sufocante, como se ele fosse um predador que a vigiava a cada movimento. O sorriso dele era frio, e os olhos, cinzentos e cruéis, jamais mostravam ternura.

Ela sentia que o casamento seria uma prisĂŁo, um contrato sem amor que selaria seu destino e o da Lua Vermelha.

Quando a noite finalmente caiu, os tambores cessaram e as tochas foram acesas, iluminando o espaço central onde a cerimĂŽnia aconteceria. O povo da aldeia reuniu-se, silenciando-se ao ver Lysandra entrar, trajando uma tĂșnica vermelha bordada com sĂ­mbolos antigos.

Os olhares se fixaram nela — alguns cheios de esperança, outros de desconfiança.

Mas Lysandra sĂł pensava em fugir.

Assim que pÎde, afastou-se da clareira, ignorando os sussurros e os olhares. Seu coração batia acelerado enquanto corria em direção à floresta que circundava a aldeia.

As ĂĄrvores erguiam-se como sentinelas silenciosas, seus galhos entrelaçados formando tĂșneis escuros e Ășmidos. O cheiro da terra molhada e das folhas frescas envolvia Lysandra, trazendo uma sensação de liberdade que hĂĄ muito nĂŁo sentia.

Ela caminhava devagar, absorvendo cada som da floresta — o farfalhar das folhas, o canto distante de um pĂĄssaro noturno, o murmĂșrio do vento. Era como se a natureza lhe sussurrasse segredos esquecidos, e seu corpo inteiro se animasse com aquela presença.

De repente, um som chamou sua atenção. Um movimento entre as årvores, algo grande e silencioso.

Lysandra congelou, o peito subindo e descendo em respiraçÔes curtas.

EntĂŁo, surgiu a criatura.

Um lobo imenso, pelagem acinzentada, olhos dourados que brilhavam intensamente na penumbra da floresta. Ele a observava, parado entre as sombras, imĂłvel e sereno.

Ela sentiu o medo se misturar a uma estranha sensação de calma.

Sem pensar, estendeu a mão na direção dele. A fera não recuou.

Seus dedos tocaram a pelagem ĂĄspera e quente, e um arrepio percorreu sua pele.

Lysandra jamais havia sentido algo tão intenso — como se aquele contato despertasse algo dentro dela, uma conexão profunda e misteriosa.

O lobo inclinou a cabeça e a observou com olhos que pareciam ler sua alma.

— VocĂȘ nĂŁo Ă© como os outros — murmurou ela, quase sem voz.

O silĂȘncio da floresta se tornou absoluto, e a lua cheia surgia por entre as ĂĄrvores, iluminando a cena com sua luz prateada.

Lysandra sentou-se na relva, o coração pulsando forte.

— Eu deveria estar em casa, preparada para a cerimînia. Mas aqui
 aqui sou eu mesma.

A criatura ficou ao seu lado, como um guardiĂŁo silencioso.

Mas entĂŁo, o som de passos firmes rompeu o silĂȘncio.

Lysandra se levantou num salto.

Entre as árvores, uma figura surgiu — Viktor.

Ele caminhava com a confiança de um alfa, olhos frios e implacåveis fixos nela.

O cheiro de fumaça e sangue fresco impregnava suas roupas, um lembrete ameaçador do poder que exercia.

— Interessante — disse ele, a voz baixa e ameaçadora. — A prometida da Lua Vermelha
 sozinha na floresta. Com um lobo selvagem.

O lobo rosnou baixo, os olhos fixos em Viktor.

Lysandra sentiu o corpo tenso, dividida entre o medo e a coragem.

— Eu estava caçando — respondeu, tentando manter a voz firme.

Viktor deu um passo adiante, o sorriso de predador se alargando.

— Cuidado, Lysandra. Nem todos os lobos desta floresta são inofensivos.

Sem esperar resposta, ele se afastou, desaparecendo na escuridĂŁo entre as ĂĄrvores.

Lysandra ficou ali, o coração acelerado, olhando para a criatura que ainda a observava.

— Eu preciso ir — sussurrou — mas voltarei.

O lobo apenas a encarou, e naquele olhar havia uma promessa silenciosa.

Ela virou-se e desapareceu entre as sombras da floresta, enquanto a lua cheia brilhava alto, testemunha muda do início de um destino entrelaçado.

Sigue leyendo este libro gratis
Escanea el cĂłdigo para descargar la APP
Explora y lee buenas novelas sin costo
Miles de novelas gratis en BueNovela. ÂĄDescarga y lee en cualquier momento!
Lee libros gratis en la app
Escanea el cĂłdigo para leer en la APP