A noite parecia interminável. A aldeia adormecida carregava um silêncio denso, quebrado apenas pelo estalar das chamas em fogueiras já quase apagadas. Selin não conseguia dormir. As palavras do velho Samir e o sussurro do sonho ainda ecoavam em sua mente. “A chave não está no ferro, mas no sangue.”
Ela caminhava pelo limite da floresta, sentindo os galhos roçarem seus braços como se a própria mata quisesse prendê-la. A lua, alta e redonda, iluminava seus passos, e em seu coração crescia a sensação de que estava sendo observada. Não demorou para perceber: dois olhos prateados brilhavam entre as árvores.
Era ele. O lobo branco.
Mas algo estava diferente. As correntes que o prendiam não eram apenas visões de sonho agora. Elas se arrastavam, invisíveis para os outros, mas tão reais para Selin que o som metálico ecoava em seus ouvidos. O guardião estava ali, entre o mundo dos homens e o das sombras, lutando para ser visto.
Selin deu um passo à frente, a respiração curta.
— Você... está me