A gaiola dourada

O coração de Samara parecia se erguer até a garganta, sufocando-lhe a respiração. Os olhos ainda ardiam pelo choro, e sua pele, úmida pelo banho interrompido, estremecia sob a toalha mal presa ao corpo frágil. O celular jazia sobre o tapete persa, abandonado, como se fosse a extensão de sua própria vida perdida ali. O chamado do pai ecoava em sua mente, sua voz trêmula, despedaçada, carregada de desespero. Ela queria correr até o aparelho, agarrá-lo, ouvir outra vez aquelas palavras que a feriram como lâminas, mas seu corpo estava petrificado.

Inspirou fundo, mas o ar parecia pesado demais para preencher seus pulmões. Precisou reunir toda a coragem que ainda pulsava em suas veias para agachar-se e pegar o celular. Quando o tocou com dedos trêmulos, percebeu a tela escura — a bateria havia morrido. A solidão daquela verdade a esmagou.

Com o coração disparado, revirou sua mala com mãos desordenadas. Encontrou o carregador, a fina esperança enrolada em fios brancos. Seus olhos marejados
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