99. O limite entre o desejo e o medo
O almoço havia sido uma arena silenciosa.
Santi sentou-se à mesa, de frente para Dante, com o mesmo sorriso que sempre escondia algo. Isabella, educada como sempre, o havia convidado para comer conosco depois de ouvir vozes alteradas vindas do escritório. Eu e ela trocamos olhares curiosos quando Dante e Santi apareceram — ele, com o semblante travado; Santi, com aquele ar de quem se diverte com o desconforto alheio.
— Então... — começou Santi, servindo-se de vinho, o olhar brincando entre nós. — Parece que você está mantendo as meninas bem acomodadas, hein, Dante? Já vai fazer o quê, duas semanas longe da Rabbit?
Dante o fuzilou com os olhos.
O silêncio foi tão pesado que até o som dos talheres pareceu sumir.
— Algumas estadias são necessárias — respondeu, frio. — Questões de segurança.
— Segurança — repetiu Santi, mordendo um sorriso. — Claro, sempre é.
Mas as “questões de segurança” não pareciam convencer nem o sal na borda da taça.
Lara e Isabella se entreolharam,