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100. Silêncios que não dormem

O som dos passos dele ainda ecoava quando tentei dormir.

Mas o corpo não obedecia.

O lençol parecia áspero, o quarto, pequeno demais para a quantidade de pensamentos girando dentro da minha cabeça.

Virei pro lado, respirei fundo, fechei os olhos — e nada.

Cada vez que o silêncio se tornava profundo demais, eu o via de novo: o olhar, a hesitação, o medo.

“Se algo acontecer com você... como antes…”

Essas palavras se repetiam como uma maldição.

Levantei.

Nem sei por quê — talvez esperando que ele ainda estivesse acordado, que a conversa tivesse um fim diferente, que o beijo não fosse o ponto final.

Atravessei o corredor, descalça, o som leve dos meus passos misturado ao zumbido distante do ar-condicionado.

A luz sob a porta do quarto dele estava apagada.

Bati uma vez.

Nada.

Empurrei devagar.

O quarto estava vazio. Lençol refeito, nenhuma roupa sobre a cadeira, nenhum copo na mesa.

Como se ele tivesse desaparecido — ou, pior, como se nunca tivesse estado ali.

Fiquei parada
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