94. No fio da navalha

Eu podia ouvir o eco das últimas palavras dele ainda na minha cabeça.

> “Antes que eu me arrependa.”

Pois bem. Que se arrependesse.

Ele queria controle — eu queria resposta.

E naquela noite, decidi que se ele não iria me enfrentar com palavras, teria que lidar com o que mais temia: perder o domínio.

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O relógio marcava quase meia-noite quando terminei o banho.

O vapor ainda cobria o espelho, e meu reflexo parecia outro — talvez uma versão de mim que Dante nunca conseguiu decifrar.

Peguei a camisola nova — seda fina, vermelha, quase translúcida — uma daquelas compras “inocentes” do shopping que ele tanto condenou.

Quando o tecido tocou minha pele, soube exatamente o que estava fazendo.

Era provocação.

Deliberada.

Pessoal.

E talvez um pouco perigosa.

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O corredor estava em silêncio.

A mansão inteira dormia — ou fingia dormir.

Quando saí do closet e entrei no quarto, ele já estava lá.

Camisa semiaberta, sentado à beira da cama, o olhar perdido na lareira acesa.

Não me viu de imediato
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