89. Entre sombras e silêncios
Dante não voltou pra casa.
Nem naquela noite.
Nem no dia seguinte.
E quando o terceiro amanheceu sem notícias, comecei a sentir que o silêncio da mansão era uma presença viva — densa, observando cada passo meu.
A Rabbit foi oficialmente fechada naquela manhã.
Isabella anunciou a decisão com a calma de quem nunca perde o controle.
“Férias coletivas”, ela disse.
Mas o olhar que me lançou por cima da xícara de café era outro — algo entre proteção e alerta.
Lara aceitou o convite de vir pra cá quando soube do sumiço dele.
E assim ficamos nós três, presas sob o mesmo teto, tentando fingir que o mundo lá fora ainda girava.
A casa era grande demais.
Os corredores pareciam se esticar a cada passo, e o som dos meus próprios pés soava como um lembrete incômodo de que ele não estava aqui.
Dante tinha o dom de preencher os espaços mesmo calado.
Agora, o vazio doía.
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Naquela tarde, desci pra sala procurando um livro — qualquer coisa que me distraísse.
Encontrei Isabella sentada perto da janela,