90. Ecos de ausência 
Dante continuava sem dar notícias.
Os dias seguintes se arrastaram como um relógio quebrado, preso entre o tique e o taque.
A cada vez que o telefone tocava, meu coração disparava — e a cada vez que não era ele, eu me sentia um pouco mais tola.
Isabella mantinha a rotina dela intacta.
Café na varanda às sete, reuniões por telefone, olhares longos demais para o nada.
Parecia calma, mas havia algo no jeito dela que me deixava em alerta.
Como se esperasse algo… ou alguém.
Lara, por outro lado, tentava aliviar o clima.
Fazia brincadeiras, cozinhava pra nós, deixava a TV ligada mesmo quando ninguém assistia.
Era o som da casa tentando fingir que tudo ainda estava no lugar.
Mas não estava.
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Naquela manhã, encontrei Lara na biblioteca.
Ela vasculhava uma das estantes, os dedos deslizando pelos livros como quem procura uma memória.
— Dormiu bem? — perguntei.
Ela assentiu, sem me olhar. — Sonhei com o barulho do mar. E com aquele colar.
Senti um arrepio. — O da Isabella?
— É. — Ela virou o