50. Marca na pele

Abri a porta do camarim devagar, esperando a habitual confusão de roupas e makes. Em vez disso, o ar me pareceu pesado, como se alguém tivesse prendido a respiração ali dentro antes de eu chegar.

Minha mão tremia quando liguei a luz.

Ela estava na penteadeira, impossível de ignorar: uma rosa negra, pétalas de um veludo sem vida, perfeitamente intacta. Ao lado, um bilhete riscado com letras firmes e tortas:

“Para a minha estrela. Só eu posso te ver brilhar.”

A rosa parecia sugar a luz do ambiente. Senti o mundo escurecer por um segundo — a visão tremeu e um gosto metálico me subiu à boca. Dei um passo para trás e quase bati no espelho. O camarim girou ao redor dos meus pensamentos como um carrossel desgovernado.

— Deus do céu… — sussurrei, e o próprio som da minha voz me estragou um pouco mais.

Antes que pudesse me organizar, a porta se abriu com força. Ele entrou como sempre: sem pedir licença e com uma presença que parecia compa
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