51. Três dias

Abri os olhos lentamente, sentindo um perfume amadeirado invadir minhas narinas. O travesseiro estava quente, confortável, e havia algo pesado e firme ao meu redor. Algo que não deveria estar ali.

Por um instante, me permiti afundar naquela sensação de segurança estranha, até o choque me atravessar: um braço masculino me prendia pela cintura.

O coração disparou. Virei o rosto e dei de cara com Dante, deitado ao meu lado na cama, os traços relaxados pelo sono. A respiração lenta, o peito subindo e descendo ritmado. E, droga, eu me sentia… bem. Bem demais para admitir.

— Mas o quê… — murmurei, tentando me soltar.

Os olhos dele se abriram devagar, preguiçosos, mas já carregados de ironia. — Bom dia, anjo.

— O que você pensa que está fazendo aqui? — sibilei, baixinho, para não denunciar o quanto minha voz tremeu. — Ontem à noite você jurou que dormiria no chã
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