46. Guarda costas
O barulho metálico da fechadura me fez saltar do sofá, o coração disparado. A porta se abriu com firmeza, revelando Dante no vão, a gravata já afrouxada e os olhos faiscando.
Ele não precisou falar nada. Bastou aquele olhar — denso, escuro, uma mistura de raiva e preocupação — para que minhas pernas fraquejassem.
— Você enlouqueceu, Ágatha? — a voz grave, dura, encheu o apartamento pequeno. — Ligar para o Santi ao invés de mim?
Cruzei os braços, defensiva. — Eu não sabia o que estava acontecendo. Alguém estava me observando. Você não atende sempre.
Ele fechou a porta atrás de si, devagar, como quem segura a própria fúria. — E você acha que o Santi poderia te proteger mais do que eu?
— Pelo menos ele estaria aqui — rebati, mas a voz saiu mais fraca do que planejei.
Dante deu dois passos à frente, e eu recuei por instinto. A cada movimento dele, o apartamento parecia diminuir de tamanho.
— Nunca mais. — o tom dele não permitia negociação. — Nunca mais você vai escolher out