A luz da manhã atravessava as cortinas quando acordei. O corpo ainda carregava vestígios da noite anterior, como se cada músculo tivesse guardado a lembrança de Dante em mim — mesmo que ele nunca tivesse, de fato, me tocado daquela forma.
Levantei com certa pressa, tentando afastar os pensamentos que me perseguiam. Precisava de ar. Precisava me ocupar. E, acima de tudo, precisava ver meu pai. --- O hospital tinha aquele cheiro de sempre: assepsia misturada com café velho. Ao entrar no quarto, fiquei surpresa ao encontrar Emiliano acordado, apoiado no travesseiro com um semblante muito mais sereno do que eu lembrava. — Bom dia, filha. — a voz ainda era fraca, mas carregava um humor que não ouvia há anos. Sorri, me aproximando. — Bom dia, pai. Você parece… melhor. Ele riu, a tosse entrecortando a frase. — Mérito do meu genro. Congelei. — O quê? — Dante. — disse