22. A rainha em movimento
Lara me esperava na saída da reunião, ainda com os olhos brilhando de excitação. Caminhava apressada, tropeçando no salto, como se não conseguisse conter a euforia.
— Você ouviu? — perguntou, quase sem fôlego. — Eu… eu vou estar na capa.
Sorri devagar, medindo cada gesto. — Ouvi. — Fiz uma pausa, deixando que meu olhar a percorresse de cima a baixo. — E também ouvi o silêncio de todo mundo na sala.
O sorriso dela vacilou, e eu aproveitei a brecha. Toquei levemente seu braço, num gesto calculado de proximidade. — Isso significa que, a partir de agora, vão tentar te destruir. Todas. — Inclinei-me para que apenas ela ouvisse. — Mas você não vai cair. Não enquanto estiver comigo.
Ela respirou fundo, como quem recebia um pacto secreto.
Nos dias seguintes, Lara grudou em mim como uma sombra. Café? Estava comigo. Intervalo? Ao meu lado. Ensaios extras? Só se eu supervisionasse. No início, me diverti com a devoção quase ingênua. Mas logo percebi algo mais: Lara era… confortável.
Não era