Na manhã cinzenta de Curitiba, Eduardo recebeu sobre a mesa um recorte impresso que Henrique largou sem comentar. Era de uma revista online conhecida mais pelo sensacionalismo do que pela precisão. O título estampava em letras provocativas: “Salões de Luxo: Onde Negócios e Segredos se Misturam”.
Eduardo deslizou os olhos pela página. O texto falava de clubes privados, reuniões discretas, corredores onde empresários e políticos trocavam apertos de mão fora do alcance de câmeras oficiais. Não havia nomes, não havia rostos, apenas silhuetas desfocadas e frases insinuando que, atrás das cortinas, se decidiam destinos. Era um artigo vago, mas estratégico: plantava dúvida sem oferecer provas.
Henrique se recostou na cadeira. — Não citaram ninguém, mas a mensagem está dada: querem lembrar que “há algo” e deixar o resto para a imaginação do leitor.
Eduardo fechou a revista e a colocou sobre o vidro de sua mesa. — Quando não nomeiam, pretendem que cada um se reconheça na sombra. É a arma mais