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Capítulo 43 – Rostos de Vidro

A cicatriz na clavícula já era um traço pálido, quase um acento sobre a pele. Vivian prendeu a trança e, antes de vestir o xale, abriu o caderno: o retângulo vermelho do lenço ainda estava desenhado, com uma seta fina apontando para a palavra “rastro”. Ao lado, escreveu “vidro”, e desenhou dois olhos — um que via, outro que refletia. Fechou o caderno com a gravidade de quem guarda uma bússola.

— Hoje a casa está com cheiro de polimento — avisou Gaia, entrando sem cerimonial. — Quando brilham demais, é porque querem esconder os riscos.

— Riscos não desaparecem — respondeu Vivian. — Viram espelho torto.

— E espelho torto mostra quem está torcendo o ambiente — concluiu Gaia, ajustando o blazer. — Vamos testar quem olha e quem vigia.

No corredor do clube, o gerente ajeitava o nó da gravata, educado como ameaça.

— Dois convidados pediram “atenção especial” — disse, delicado. — Nada de mais.

— “Especial” tem muito advérbio escondido — cortou Gaia, com doçura de lâmina. — Nossas condições de
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