Vivian acordou com a sensação de que o corpo tinha atravessado um corredor durante a noite. Não era cansaço; era rastro. Lavou o rosto devagar e, antes de qualquer gesto, encostou a fotografia de Mariana na testa, uma bênção pequena que aprendeu a fazer quando o mundo pede mapa. No caderno, escreveu apenas uma linha: “Ontem foi fora do clube e, mesmo assim, parecia mais por dentro.” Debaixo, desenhou um retângulo miúdo — o lenço — e três setas apontando para ele.
Gaia entrou sem bater, blazer escuro, celular de guerra no bolso. Colocou sobre a mesa duas fotos impressas em preto e branco, tiradas de longe, com o tipo de grão que não é de álbum de família.
— Dois homens estavam no salão e não são habituais — disse, apontando. — Não conversaram com ninguém, não pegaram bebida, não sorriram. Circulavam como quem mede ângulos. Um ficou perto do piano fechado por quase cinco minutos.
— Observadores? — perguntou Vivian.
— Observadores — confirmou Gaia. — E você sabe o que isso quer dizer: nã