O convite chegou em papel espesso, letras em baixo-relevo e endereçamento que fingia intimidade: “Recepção privada – círculo de apoiadores culturais”. Gaia leu duas vezes, soprou o pó invisível do envelope e soltou um “hum” que não dizia sim nem não. Vivian, ao lado, passou o dedo na borda e sentiu o arrepio da intuição.
— Fora do clube? — perguntou.
— Fora — confirmou Gaia. — Casa de eventos na Batista Ribas. Sobrenomes que rodam tribunal, novamente. Querem você longe das nossas rotas. Isso costuma significar teste.
Aurora entrou com um rolo de fita e um alfinete novo, a lua minúscula brilhando tímida.
— Eu mapeei saídas da casa — disse, abrindo um caderno com um desenho preciso do quarteirão. — Portão lateral tranca por dentro, mas tem o cadeado velho. O corredor do serviço faz zigue-zague; boa e má notícia ao mesmo tempo. E… — sorriu breve — o vizinho da casa é uma padaria que fecha tarde. Cheiro de café no ar, mesmo à noite.
Vivian respirou fundo. O curativo na clavícula já pareci