Aline prendeu o cabelo, vestiu a jaqueta, testou o rádio duas vezes e sorriu como quem conhece a noite. — Trinta minutos — disse, já na porta. — Se eu atrasar, corredor de eucaliptos. Sem heroísmo.
A porta fechou sem drama. O casarão ficou maior, como se o silêncio ganhasse paredes novas. Eduardo encostou a mão na madeira por um segundo, depois virou-se. Vivian estava parada a três passos, e o olhar dos dois se encontrou no meio da sala, um lugar que parecia ter sido preparado para isso desde sempre.
— Você está tremendo — ele disse, mais constatando do que perguntando.
— O mundo ainda faz barulho aqui dentro — ela respondeu, tocando o próprio peito. — Mas agora eu consigo ouvir outra coisa por cima.
— O quê?
— Você.
Os passos aconteceram sozinhos. O ar entre eles tinha cheiro de chuva guardada e café de horas atrás. A cozinha os recebeu com o círculo morno do abajur sobre a mesa. Vivian encostou o quadril na bancada, e Eduardo ficou à frente, a distância de um sopro. O curativo no om