O primeiro farol varreu as paredes do galpão como um raio sem trovão. Aline não esperou que o medo tivesse nome: meteu a mochila nas costas, apontou para a porta dos fundos e correu. Eduardo veio logo atrás, o ombro preso pela bandagem, a arma curta no coldre improvisado. Vivian guardou o caderno no cós da calça e foi a última a sair, como quem apaga a luz de um cômodo que não volta a existir.
Lá fora, a noite parecia mais baixa do que o céu. A trilha da pedreira começou em barro e terminou em pedra batida, um labirinto de degraus e calhas de drenagem. Os motores cresceram até virar chão vibrando. Aline ergueu a mão, pedindo silêncio, e o trio se encolheu atrás de um talude. Uma rajada estalou no alto; estilhaços de rocha pingaram perto dos pés de Vivian.
— Três carros — Aline sussurrou. — Dois sobem pela cava central, um tenta cortar pela lateral. Se ficarmos juntos, eles cercam.
— Não vamos nos separar — Eduardo rebateu, já prevendo a resposta.
— Vamos — Aline disse, e o tom não ped