O casarão segurava o vento nas frestas como quem guarda uma notícia. Aline, com a testa ainda marcada pelo risco fino, espalhou sobre a mesa sem tampo uma peruca ruiva, um casaco de staff do clube, duas cápsulas de rádio e uma pequena seringa de adrenalina de bolso. Eduardo traçou no mapa um retângulo em torno do quarteirão do “Clube Rubrum” e assinalou setas: entrada de serviço, corredor do jardim, escada da lavanderia. Vivian, de pé, parecia uma chama contida. Não entraria. Não podia. E, pela primeira vez desde a ponte, isso fazia sentido.
— Eu entro — disse Aline, prendendo a peruca com grampos invisíveis. — Eles esperam a ruiva no espelho. Vamos dar a ruiva errada.
— É loucura — cortou Eduardo. — Se der errado, não tem segunda tentativa.
Aline testou o rádio no lóbulo da orelha. Um estalo claro respondeu. — Se der errado, eu improviso. Me treinaram para isso. — Virou-se para Vivian, medindo a altura, o corte dos ombros, o desenho do rosto. — O resto é ilusão. O perfume faz metade