O galpão de milho respirava poeira quando a decisão ficou em pé. Aline desmontou e remontou o plano em frases curtas, como quem parafusa um motor: pacote do pen drive dividido em três — jornal, Ministério Público e Henrique —, envios sincronizados com atraso de segundos, rotas de fuga marcadas a lápis. Eduardo testou no notebook o gatilho de disparo automático. Vivian, caderno no colo, reescreveu a senha falada do eco como se bordasse um talismã.

— No meu três, vai — disse Aline. — Um, dois…

Um som cortou o ar de fora, diferente do vento: cascalho mastigado por pneus lentos. Eduardo fechou o notebook num golpe seco. Aline ergueu a mão pedindo silêncio e correu para a fresta da parede. Um sedã escuro parou a vinte metros, apagou os faróis, manteve o motor vivo como um animal que fareja.

— Não é a polícia — Aline sussurrou. — É pior: quem não precisa se identificar.

A porta abriu e um homem desceu com a calma de quem acredita que o mundo foi feito para abrir espaço quando ele passa. Ter