Theo
Duas semanas.
Catorze dias de tortura, vendo Clara todos os dias nos corredores da Ferraz — altiva, impecável, vestida em tailleurs elegantes que escondiam o corpo que eu conhecia tão bem, e agora também o nosso filho.
Ela nunca estava sozinha. Sempre havia alguém ao redor: Laís, algum diretor, ou até mesmo o meu pai.
Clara se tornou intocável.
E eu… um espectador da minha própria ruína.
Tornei-me especialista em evitá-la — nos elevadores, nas reuniões, até na copa do oitavo andar. Mas evitar Clara era o mesmo que tentar evitar o ar. A cada olhar furtivo, o peito apertava, e a culpa me lembrava do que eu havia feito.
Naquela terça-feira à noite, finalmente me rendi à necessidade de resolver ao menos uma das pontas soltas da minha vida. Dirigi até a mansão. Precisava falar com meu pai. Longe da empresa, longe dos olhares.
A verdade é que eu vinha adiando essa conversa. Desde o confronto na casa de praia, evitei pensar demais, porque pensar significava admitir o que eu já sabia: q