Clara
Na segunda-feira, vestida com um tailleur preto impecável, estacionei o carro na garagem do prédio, na vaga que agora era minha, com meu nome marcado em uma pequena placa de metal. Coisa simples, mas que dizia muito sobre a minha posição dentro da Ferraz. Muita coisa tinha mudado desde que comecei ali. Muita coisa em mim também tinha mudado.
Peguei minha bolsa, respirei fundo e, por instinto, alisei o tecido sóbrio do vestido. Ajeitei-o sobre a barriga já evidente, como sempre fazia antes de enfrentar mais um dia de olhares e cochichos.
Foi quando um carro parou ao lado do meu. Não dei importância. Nem cheguei a reconhecê-lo. Mas, quando a porta abriu e ele saiu, meu coração disparou num susto que parecia doer fisicamente dentro do peito.
Theo.
Não esperava vê-lo ali. Não tão cedo. Não naquele lugar que eu tanto me esforçava para manter livre dele, livre de nós.
Meu corpo reagiu antes da minha mente. Me virei e caminhei apressada até o elevador, os saltos ecoando contra o ciment