“6 de janeiro
Hoje, sonhei com ele.
Não o homem. O bebê.
Nos meus braços, ele chorava baixinho — como se pedisse permissão para existir.
Mas quando acordei, só havia silêncio.
E o que me assusta não é o que ouço.
É o que não ouço.
É esse silêncio que grita em mim todos os dias.
Porque há perguntas que ninguém fez.
E respostas que talvez, no fundo, eu não esteja pronta para ouvir."
— Do diário de D.
...
A mansão permanecia envolta em um silêncio denso, quase palpável, como se todas as palavras que um dia ecoaram por aquelas paredes tivessem se apagado de vez.
Era noite, mas uma noite diferente. Uma quietude tão profunda que fazia o coração desacelerar e os sentidos ficarem atentos ao menor movimento. Tinha algo ali. Algo que ninguém ousava dizer, mas que pairava em cada canto, como uma presença invisível.
Enzo caminhava de um lado para o outro do quarto, com o filho preso ao peito. Cada passo parecia uma tentativa desesperada de entender aquele pequeno ser silencioso — ou talvez, de co