“A chave do passado abre as portas do presente.” — Carl Gustav Jung (paráfrase)
(...)
Caminhei até o armário com passos hesitantes, como quem se aproxima de um abismo. Minhas mãos tremiam ao alcançar a bolsa, aquela que eu havia escondido no canto mais escuro, como se pudesse enterrar junto a ela tudo o que não queria encarar.
Dentro, os documentos que retirei da Casa dos Jasmins. Eram do fundo falso da gaveta, um segredo que deveria permanecer oculto.
Rafael não percebeu quando os peguei — ou talvez tenha percebido e escolhido o silêncio. Essa incerteza me corroía, uma farpa invisível que se alojou fundo, onde nem eu sabia como alcançar para arrancar.
Minhas pernas cederam, e eu me deixei cair no chão gelado, o frio subindo pela pele como um lembrete da realidade que eu tentava evitar.
Com movimentos lentos, quase reverentes, abri a bolsa. Cada gesto parecia carregar o peso de uma bomba prestes a detonar. O ar ao meu redor ficou denso, e por um instante, desejei que o tempo parasse