“Confiança é luxo; procedimento é sobrevivência.” — (Anotação de R.)
Eu disse que iria sozinha, e assim foi — sozinha de corpo. Mas na mente, carreguei cada palavra do pacto silencioso.
[Eu: “Saindo. Alameda Santa Verena, 42. 40 minutos. Talvez mais, se eu precisar.”]
[Joana: “Painel comigo. Nada de bravura desnecessária.”]
[Rafael: “Eu passo aí e te acompanho.”]
[Eu: “Não. Linha aberta é o suficiente.”]
Mesmo na solidão física, era a presença deles ainda pulsava em cada decisão minha, como ecos que me guiavam.
Na saída, o sol parecia carregar a ousadia dos dias que nascem tortos, como se desafiasse o equilíbrio do mundo.
Rafael passou por mim no saguão, a mochila impermeável pendendo de um ombro e um mapa dobrado no bolso, como quem já sabia para onde ir, mesmo sem ser convidado.
― Eu disse que vou sozinha. ― Minha voz saiu firme, mas carregada de uma irritação que eu não conseguia disfarçar.
― Eu sei. ― Ele respondeu, calmo, quase resignado. ― Mas vou ficar à distância. Só pra gara