“No silêncio das sombras, velam as verdades que ainda não temos coragem de ouvir.” — (José Saramago)
Trilha sonora: “Wicked Game” — Chris Isaak
O símbolo ♠︎ apareceu na minha tela às 19h12. A mensagem dizia apenas: “Subsolo 2. Entrada pelo acesso de carga. Sem relógios.”
Li aquilo três vezes. Depois fiz o que aprendi com Dayse: configurei um timer silencioso no meu celular — se não cancelasse em quarenta minutos, a localização seria enviada para Rafael.
Atenção, não medo. Meu corpo entendeu.
No carro, deixei “Wicked Game” tocar baixo, tentando treinar minha respiração pela voz grave de Chris Isaak.
A cidade se desenrolava em luzes e promessas, e o GPS me puxou para uma rua estreita atrás de um teatro antigo.
O portão lateral estava semiaberto, tinta descascada, com um aviso de “em manutenção” preso com fita.
Desci a rampa devagar. Subsolo 2. Piso de cimento, marcas de pneus, cheiro de ferrugem e água estagnada. Não havia câmeras — pelo menos, nada visível. As poucas luminárias desenha