O aviso chegou no fim da tarde, entregue por Luna com a habitual frieza:
— O senhor Bellucci solicitou sua presença esta noite. Às 21h, como antes.
Dayse apenas assentiu. Não havia surpresa nem pressa; ela já sabia que o jogo havia sido retomado. Mas desta vez, ela viria com novas cartas na manga.
Vestiu-se com mais intenção do que estilo: um robe de cetim discreto, que caía perfeitamente sobre os ombros. O cabelo solto, a pele limpa, sem maquiagem. Nada chamativo, tudo proposital. Ela estava pronta para o que viesse, com uma serenidade que só quem conhece bem o tabuleiro pode ter.
Chegou no quarto dele exatamente às 21h.
— Entre — disse Enzo, como de costume, sem levantar os olhos, mas havia algo diferente em sua voz ― estava mais baixa, mais humana.
Ela entrou devagar, notando como a luz suave criava sombras que dançavam nas paredes.
Enzo estava sentado sozinho na poltrona de couro próxima à janela, perdido em pensamentos, uma taça na mão e um silêncio profundo nos olhos. Mas havia