Narrado por Bento
O problema de trabalhar com Gregório não é ele.
É o que vem junto.
No caso de hoje, “o que vem junto” atende pelo nome de Marcelo. Um homem com quem eu já troquei olhares carregados de pólvora mais de uma vez. Não porque eu quisesse, mas porque ele tem aquele tipo de presença que te obriga a prestar atenção — como se fosse um lobo passando por um campo aberto. Você não vira as costas.
E agora… eu estava preso num jato particular com os dois.
Gregório à minha direita, de terno escuro e expressão fechada, mexendo no celular como se estivesse controlando o mundo dali. Marcelo do outro lado, relaxado demais para o meu gosto, mas com o olhar atento por trás daquele ar de “não ligo pra nada”.
No meio, eu.
O homem que todo mundo chama quando não tem mais ninguém pra chamar.
O avião cortava as nuvens e eu observava a cabine silenciosa. O som baixo dos motores era quase hipnótico. A viagem até o Leste Europeu levaria algumas horas, e eu sabia que esse tempo seria usado pra af