Narrado por Gregório
Nove meses.
Ava estava com a barriga alta, redonda, imponente como a bandeira de um reino. A pele luminosa, o olhar sereno, mas o corpo já dando sinais de que o tempo estava no fim. E mesmo assim, ali estava ela, ao meu lado, impecável — num vestido vinho que marcava cada curva, segurando firme no meu braço enquanto eu guiava a noite.
O salão era uma obra de ouro, vidro e silêncio tenso. Um evento da máfia italiana, reunindo os chefes de família, os aliados, os homens de respeito. Mesa longa, taças alinhadas, olhares que diziam mais que palavras. A Ava era a única mulher ali. Não por acaso — mas porque era a minha.
E ninguém ousava olhar por mais de dois segundos.
Ela se manteve calma, elegante, trocando breves cumprimentos quando necessário, mas sempre com a mão em mim. Meu braço. Meu ombro. Minha coxa debaixo da mesa. Ela dizia com toque o que não precisava verbalizar: “estou aqui, mas tô cansada”.
Inclinei pro lado dela e falei baixinho, só pra ela ouvir:
Gregó