Narrado por Anastácia
O cheiro de café fresco invadia o quarto antes mesmo da luz do dia tocar a janela. Eu ainda estava na cama, enrolada no lençol de linho, observando as partículas de poeira dançarem no feixe dourado que escapava pelas cortinas entreabertas. Era engraçado como, mesmo com toda a loucura que já vivi, agora o silêncio era meu maior conforto.
Marcelo tinha saído cedo. Desde que assumiu como Dom de uma nova frente da máfia — longe da cidade e longe da sombra do passado — a nossa rotina mudou. Não havia mais explosões, perseguições ou medo constante de emboscadas. O império dele era forte, mas controlado, e pela primeira vez em anos, eu sentia paz.
A relação dele com Gregório também havia mudado. Eles já se enfrentaram como inimigos, se encararam de armas em punho e fizeram juras de morte. Mas hoje… Hoje existe respeito. Existe um acordo. Eles se encontraram como dois líderes, dois homens que entenderam que manter a guerra só destruía o que restava. Marcelo sempre diz: