Narrado por Maya
O celular vibrou às 17h12, quando eu ainda estava com o cabelo preso num coque frouxo e a cara lavada, tentando responder e-mails e fingir que o mundo, de fato, precisa de mim às 17h12.
Mensagem desconhecida.
> Número desconhecido: Boa tarde, Maya. Aqui é o Bento. Vou sair do país numa missão com o Grego. Não sei exatamente quando volto. Janta comigo hoje?
Fiquei olhando pra tela como quem encara um enigma antigo. Eu não tinha dado meu número pra ele. Nem pra ninguém da casa. Ava, sim, claro. Mas o Bento? O homem que fala pouco e observa demais? O homem que faz o silêncio obedecer?
> Maya: Como você conseguiu meu número?
Três pontinhos surgiram imediatamente, e o meu estômago reagiu como se alguém tivesse apertado um botão invisível.
> Bento: Tenho meus segredos. Prometo usar todos para o bem hoje à noite.
Mordi o lábio, tentando disfarçar o sorriso idiota que ameaçava nascer. Eu odeio me sentir assim — mole, leve, um pouco… entregue. Mas a verdade é que desde o janta